domingo, 9 de setembro de 2012

O EXERCÍCIO DIÁRIO DE VER E PERCEBER

VER E PERCEBER

"Ver" é um dos sentidos de privilegio unicamente dos olhos, já o sentido de "perceber" é mais abrangente, pois se pode perceber coisas, utilizando o sentido do tato, olfato, paladar e até mesmo da instituição. Perceber algo, pode ser conclusivo,pode ser algo concreto ou abstrato.

Ver é o simples fato de olhar para algo e enxergá-lo.
Já perceber é quando se observa detalhes.

Muitas vezes usamos essas palavras como sinônimo para designar o simples ato de olhar.
A capacidade de olhar e perceber muito do que se apresenta aos nossos olhos nos remete a um comportamento que deve ser cultivado a todo instante.

A leitura do poema "Ver vendo", de Otto Lara Rezende, nos faz refletir sobre isto.Vamos então ao POEMA:

De tanto ver, a gente banaliza o olhar - vê... não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia sem ver.
Parece fácil, mas não é: o que nos cerca, o que nos é
Familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe perguntar o que você vê no caminho, você não sabe.
De tanto ver, você banaliza o olhar. Sei de um profissonal que,
Passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro. Dava-lhe bom dia e,
Às vezes, lhe passava um recado ou uma correspondência.

Um dia o porteiro faleceu. Como era ele? Sua cara? Sua voz?
Como se vestia? Não fazia a mínima ideia.
Em 32 anos nunca conseguiu vê-lo.
Para ser notado, o porteiro teve que morrer.
Se, um dia, em seu lugar estivesse uma girafa cumprindo o rito,
Pode ser, também, que ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e baixa a voltagem. Mas há sempre
O que ver: gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos
Para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira
Vez o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que raramente vê o
Próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher.

Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos.
... é por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Fica ai uma REFLEXÃO
Será que temos visto e percebido as pessoas e as coisas ao nosso redor?
O exercício de fotografar aperfeiçoa o exercício do olhar. A fotografia amplia o sentido daquilo que vemos e percebemos.






Uma fotografia é sempre uma
imagem dupla:
mostra seu objeto e
– mais ou menos visível –
‘atrás’, o ‘contradisparo’,
a imagem daquele que
fotografa, no momento de
fotografar.
Win Wenders


15ª CRE - URAP - Glaucia Esteves da Silva

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