domingo, 3 de agosto de 2014

Mulheres que fizeram história nas Ciências: Barbara McClintock e os genes saltadores

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Barbara McClintock nasceu em 16 de Junho de 1902 em Hartford - Connecticut -EUA e morreu em Nova Iorque em 1992. Quando descobriu os genes saltadores ou transposões, em sua pesquisa com milho Zea Mays, nos anos de 1950, foi ignorada pelo simples fato de ser mulher,recebendo o Prêmio Nobel de Medicina apenas em 1983. Uma botânica, especialista em genética, que hoje é considerada uma das figuras mais importantes da história da Genética.
E que tal conhecer um pouco mais sobre a vida desta brilhante mulher, bióloga e geneticista?
Barbara McClintock
Bárbara em seu laboratório - 1947
Foto Wikipedia
O desafio de ser cientista numa época onde as mulheres ainda eram bastante discriminadas marcou a vida de Barbara  McClintock. Contudo, sua descoberta revolucionou a compreensão do genoma e a citogenética. podendo ser considerada a mãe da genética moderna.

INFÂNCIA

Quando Bárbara McClintock nasceu, os trabalhos de Gregor Mendel, o Pai da Genética,  acabavam de ser redescoberto por De Vries, Correns e Tschermak. A pequena notável já veio ao mundo com uma incrível capacidade de superação. Terceira filha do casal Thomas Henry McClintock e de Sara Handy McClintock, Bárbara teve que superar as expectativas de seus pais que queriam um menino. Este só veio a nascer um ano e meio depois de Bárbara. Sua infância com as irmãs Marjorie, Mignon e o irmão caçula Malcolm Rider, foi típica de uma família americana classe média da época. Seu pai era médico homeopata e sua mãe era descendentes dos primeiros imigrantes de família tradicional.

Família McClintock, a partir da esquerda para a direita:
 Mignon, Malcolm Rider "Tom", Barbara e Marjorie
Lendo sua biografia, descobri que inicialmente seu nome seria Eleanor, mas sua mãe mudou para Bárbara porque achará que o primeiro era um nome muito doce e meigo para a menina que insistiu em nascer no lugar do tão sonhado filho (homem). Esta rejeição inicial dos pais, Bárbara sentiu durante toda sua infância, e para compensá-la, Bárbara gostava de brincar como os meninos.  Isto lhe imprimiu uma personalidade forte, independente e solitária.

JUVENTUDE, CARREIRA E CONQUISTAS


Se você sabe que está no caminho certo, se você tem este conhecimento interior, então ninguém pode negar o seu pedido ... não importa o que eles dizem.
 Depois de completar seu ensino médio em Nova York, ela se matriculou na Universidade de Cornell em 1919 e desta  instituição recebeu o grau B.Sc em 1923, o mestrado em 1925, e o doutorado em 1927. Sua mãe se opôs ao seu ingresso na faculdade pois temia que ela teria dificuldades para se casar. Realmente Bárbara nunca se casou ou teve filhos. Como jovem acadêmica, Barbara McClintock participou do Grêmio Estudantil e interessou-se por música, principalmente  Jazz. 
Quando Bárbara McClintock começou a sua carreira, os cientistas estavam apenas tomando consciência da relação entre hereditariedade e eventos que podiam ser examinados em células ao microscópio. Ela serviu como assistente de pós-graduação no Departamento de Botânica por três anos 1924-27 e em 1927, após a conclusão de seus estudos de pós-graduação, foi contratado como um instrutor, cargo que ocupou até 1931.
Na Universidade Cornell, especializou-se no estudo da genética do milho.  Barbara descreveu o primeiro mapa genético do milho e mostrou a importância para a divisão celular das porções terminais dos cromossomos, conhecidas como telômeros (termo cunhado por ela), e de regiões mais condensadas que mantêm as duas cópias duplicadas dos cromossomos unidas (os centrômeros). Além disso, Barbara foi a primeira pessoa – em 1931 – a descrever a ocorrência do mecanismo de recombinação genética ou crossing-over após analisar a meiose do milho. 

Arquivo: Milho e microscope.jpg
Microscópio e espigas de milho na exposição de McClintock, no Museu Nacional de História Natural
Em 1931,  foi premiada com um Conselho Nacional de Bolsa de Investigação, passando dois anos como bolsista no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Depois de receber o Guggenheimn Fellowship em 1933, ela passou um ano no exterior em Freiburg.  
No ano seguinte, McClintock voltou para os Estados Unidos  para o Departamento de Melhoramento de Plantas da Universidade de Cornell. Sendo que em 1936, deixou Cornell para assumir a posição de um Professor Assistente do Departamento de Botânica da Universidade de Missouri. Em 1941,  tornou-se uma parte da Carnegie Institution of Washington. 
Em 1944, Quando trabalhava no laboratório Cold Spring Harbor descobriu os Elementos de tranposição (TEs) que chamou inicialmente de elementos controladores (controlling elements). Ela demonstrou que dois elementos do genoma denominados de Dissociador ( Ds ) e Ativador ( Ac ) podiam trocar de posição nos cromossomos do milho. Essa mudança de posicionamento ou transposição podia ser analisada por meio de mudanças na coloração das sementes desse vegetal. O elemento Ac controla a transposição de Ds e, quando este último move-se casualmente para outra região, ele se liberta dessa inibição e inicia a síntese de um pigmento que leva ao aparecimento de grãos de cores diferentes (mosaicismo) nas espigas de milho. Posteriormente, Barbara demonstrou que esses elementos transponíveis – ou transposons – moviam-se somente após as células serem submetidas a algum tipo de estresse (por exemplo, quando reproduzem ou quando são irradiadas).  
Foto revistapesquisa.fapesp.br
Em 1950, Dr. McClintock foi relatada pela primeira vez em uma revista científica sobre como a informação genética pode transpor de um cromossomo para outro. Muitos cientistas durante esse tempo assumiu que este ponto de vista não-convencional de genes era incomum para a planta de milho e não foi universalmente aplicável a todos os organismos. Eles eram da opinião de que os genes geralmente foram mantidos no lugar no cromossomo como um colar de pérolas.
“Devo admitir que no início me senti surpresa, e depois confusa. Ninguém me convidava para dar aulas ou seminários, nem para participar de comitês ou tribunais acadêmicos. Mas esse longo intervalo foi uma delícia. Deu-me uma completa liberdade para continuar pesquisando por puro prazer e sem interrupções”.
Somente a partir de 1960 é que sua pesquisa foi evidenciada tornando-se importante na comunidade científica. Quando François Jacob e Jacques Monod descobriram elementos controladores em bactérias semelhantes às McClintock encontrados em milho.
Em 1983 McClintok recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina por sua descoberta dos elementos genéticos móveis. O seu trabalho tem sido de alto valor auxiliando na compreensão das doenças humanas. "Jumping genes" ajudando a explicar como as bactérias são capazes de construir a resistência a um antibiótico e há alguma indicação de que genes saltadores estão envolvidos na alteração de células normais em células cancerosas.
  
MORTE
McClintock passou o resto de sua vida estudando a transposição  em Cold Spring Harbor. Ela morreu no dia 2 de setembro de 1992, pouco depois de completar seu nonagésimo aniversário. Em seu obituário, Gerald R. Finks observa que ela "queima de curiosidade, entusiasmo e intransigente honestidade servindo como um lembrete constante do que  nos atraiu para a ciência em primeiro lugar. " Em 1996 DNA Learning Center do Cold Spring Harbor realizou uma exposição em sua homenagem com uma réplica do seu 1942 laboratório de origem

Fontes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbara_McClintock
http://www.famousscientists.org
http://revistapesquisa.fapesp.br/2007/11/01/conhecimento-aos-saltos/
http://books.google.com.br/books
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/por-dentro-das-celulas/uma-mulher-extraordinaria/

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